Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno encerra atividades de 2020 com mediação online
Data da publicação: 22 de dezembro de 2020 Categoria: Notícias, Quem é, Sem categoriaO ano de 2020 foi atípico. A necessidade do isolamento social se impôs como estratégia para enfrentarmos uma pandemia sem precedentes. O encontro presencial, tão caro ao teatro, foi suspenso e, aqueles e aquelas que puderam, ficaram em casa realizando suas atividades. O Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno fechou as portas, as luzes da ribalta apagaram-se e seguimos à espera de condições para restaurar o rito de encontro olho no olho entre artistas e espectadores. Mas assim como todas as outras pessoas, o Tupa também procurou maneiras de permanecer lado a lado com seu público e contribuir com a promoção da cultura. Realizamos eventos online, as lives e a interação por meio digital. E para finalizar esse ano com chave de ouro, o projeto Palco de Giz realizou a sua primeira edição online. Em parceria com o projeto Escolas Criativas, realizado pela Quitanda Soluções Criativas junto à rede municipal de educação de Jijoca de Jericoacoara, as atividades de mediação teatral foram realizadas junto a 15 turmas de nono ano do ensino fundamental de 08 escolas da rede pública de Jijoca, beneficiando 377 alunos.
Palco de Giz Online
O Palco de Giz – Projeto de Formação de Espectadores da UFC é um projeto ligado ao curso de Teatro-Licenciatura e ao Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno. O intuito é criar uma aproximação entre os estudantes de escolas públicas e a programação do Tupa através de ações pedagógicas de mediação teatral. Essas ações são realizadas por alunas bolsistas do Programa de Promoção à Cultura Artística (da SecultArte/UFC) e do Programa de Iniciação Acadêmica (da PRAE), sob orientação e supervisão dos professores Juliana Carvalho e Francis Wilker.
Buscando adaptar-se à nova realidade imposta pela pandemia de Coronavírus, o projeto realizou sua primeira edição online de mediação teatral junto às escolas municipais de Jijoca de Jericoacoara. O desafio do projeto foi realizar a maioria de suas ações pedagógicas de modo assíncrono, a partir das mídias digitais utilizadas pelas escolas no contexto da pandemia, como grupos de WhatsApp, formulários do Google e vídeo aulas. Foram criados um guia do estudante e um roteiro para os professores de arte envolvidos na proposta.
Por meio de diferentes estratégias de mobilização e mediação, como áudios e figurinhas enviados em um grupo no WhatsApp, as mediadoras tiveram o primeiro contato com os alunos. A primeira etapa do processo envolveu atividades de pré-apreciação com o objetivo de aproximar os alunos do universo do espetáculo que iriam assistir. Os estudantes teriam que escolher uma comida que lhes trouxessem uma lembrança afetiva e que fosse importante para si ou para alguém da família, e deveriam enviar uma foto do prato escolhido e um áudio contando um pouco da história por trás da escolha. Depois, um desafio introduziu reflexões sobre identidade e projeto de vida: eles foram convidados a escrever uma receita de si mesmos, com ingredientes visíveis ou invisíveis que o constituem. Por exemplo, André – nome fictício – é uma mistura de três punhados de felicidade, uma xícara de preguiça e três colheres de sorrisos. Assim, foi sendo tecido um percurso com os estudantes envolvendo tanto conhecer mais sobre a linguagem teatral como também sobre si mesmos.
A segunda etapa envolveu a apreciação da peça “Tudo ao mesmo tempo agora”, escrita e encenada pela atriz Maria Vitória (Grupo Terceiro Corpo) e adaptada para o ambiente online. Os alunos receberam um bilhete virtual com o link da peça, o que permitiu que cada um assistisse de casa. Na terceira etapa, denominada de pós-apreciação, foi realizada uma live com a atriz Maria Vitória, que aconteceu no canal do YouTube das Escolas Criativas, momento em que os alunos enviaram perguntas para a atriz responder ao vivo.
Para encerrar as atividades pedagógicas, as mediadoras fizeram um vídeo com devolutivas e comentários sobre as produções dos estudantes e a participação de cada turma, oportunidade em que também apresentaram alguns dos elementos e funções envolvidas no fazer teatral. O ciclo de mediação foi finalizado com um convite das bolsistas para os estudantes: propuseram que cada aluno escrevesse uma carta para si mesmo, tentando colocar no papel seus anseios em relação ao futuro. Como uma cápsula do tempo, cada aluno deverá guardar sua carta e abri-la somente no primeiro dia de aula do primeiro ano do ensino médio.
“O Palco de Giz online foi super diferente pra mim como experiência pedagógica, sabe? Fazer esse papel de mediadora e também de co-criadora de partes desse processo foi desafiador e super divertido também, a ‘mão na massa’ é a parte que eu mais tenho medo e a que mais gosto no meu caminho do aprender, porque de verdade é onde eu mais aprendo. Entendi que o tato, o diálogo e até a abertura que tive em me questionar, questionar meus pensamentos e condutas, pensar melhor as atitudes, fizeram com que a experiência da mediação em si, tanto pra mim como pros alunos, fosse leve, divertida e enriquecedora. Nem sempre as coisas acontecem exatamente como a gente planeja, mas é preciso desenvolver uma adaptabilidade a certas situações desafiadoras”, afirma Natália Wirtzbiki, bolsista do Programa de Iniciação Acadêmica do projeto de extensão Palco de Giz, que atuou como uma das mediadoras.
Mediadores Conectados
Ademais, para manter vivo o vínculo afetivo com as escolas públicas e a formação de espectadores, em meio a esse tempo onde tudo migrou para o digital, a equipe do Palco de Giz se lançou no desafio de inventar novas estratégias e ações. A primeira foi a oficina “Mediadores conectados: estratégias para uma mediação online”, proposta por Jupe Vasconcelos, alune do curso de Teatro Licenciatura da UFC, sob orientação dos coordenadores do projeto. Foram três dias de encontros via Google Meet, discutindo temas como “O que é mediação?“, “É possível ter experiência na internet?” e “Quais as ferramentas online de um mediador?”.
“[…] uma oficina de 9h com apoio do Tupa e da Universidade Federal do Ceará com um público muito diverso tanto da cidade de Fortaleza, quanto das redondezas. Um público misto em que algumas pessoas tinham vasta experiência com a docência, outras ainda estavam iniciando sua jornada na educação; algumas pessoas já tinham mediado anteriormente, outras ainda não sabiam o que era mediação artística e suas potências. Então foi uma troca interessantíssima e um grande crescimento para mim, futura professora, arte educadora. A oportunidade de partilhar minhas experiências e ter as experiências dos participantes partilhadas foi engrandecedor. Não vejo a hora de poder continuar com este projeto que me foi tão valioso.” Afirmou entusiasmada Jupe.
Durante o mês de outubro, no perfil do Tupa @tupaufc, foram postados vídeos educativos sobre mediação teatral e experiência. Os seguidores tiveram acesso a vídeos formativos sobre mediação teatral e a vídeo-entrevistas com convidadas como as ex residentes e voluntárias do Palco de Giz, Jeísa Fontenele, Nágila Holanda e Swianne Farias, que compartilharam um pouco das suas experiências no projeto.
O ano em que tudo migrou para o digital
Assim como todos os outros segmentos, o teatro também precisou se reinventar na quarentena e migrar para o mundo online. O Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno buscou maneiras de se aproximar dos alunos, professores e amantes do mundo teatral através das plataformas virtuais como Instagram e YouTube. Confira agora alguns dos eventos que aconteceram de forma remota em 2020.
Aniversário de 55 anos do Tupa
Em junho, o Tupa comemorou 55 anos. Pela primeira vez, o aniversário precisou ser a distância, sem o “corpo a corpo” que o teatro tanto valoriza. A programação contou com um especial de lives no perfil oficial do teatro no Instagram. A live de abertura contou com dois grandes artistas e professores: Ghil Brandão e Ricardo Guilherme. Eles dividiram com o público um pouco da memória do Teatro Universitário, unindo arte e história.
“Uma experiência inesperada e inusitada, carregada de muitos desafios e esperança. 2020 foi um ano de imersões! O teatro por ser uma arte presencial sofreu muito os impactos dessa tenebrosa pandemia”, afirmou Ghil Brandão.
Aconteceu também o sarau performático Vozes da Re-existência, com mediação do estudante Matheus Bizerra e participação de vários artistas da cidade e do Curso de Teatro da UFC. Encerramos as comemorações com uma live-performance sobre gestão cultural com a professora e diretora do Tupa, Juliana Carvalho, e com Jupyra Carvalho, artista, aluna do curso de Teatro e ex-bolsista do teatro.
Como forma de interagir com o público que também faz parte da trajetória do Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno, a diretoria do teatro realizou uma campanha para que as pessoas enviassem fotos, depoimentos (escritos ou em vídeo), compartilhando alguma história marcante vivida no Tupa e manifestando sua relação de afeto com esse espaço. Para que esses depoimentos não se perdessem, o destaque “#tupafaz55” reuniu todos os vídeos e publicações, como o de Marcello Marreiro. O jornalista reuniu fotos de suas apresentações no Tupa junto com um belíssimo texto “O repaginado Tupa (nosso eterno TU) é lugar de memória, de formação, com as experiências cênicas, os encontros e toda a catarse […]. Por isso, vida longa ao Teatro Universitário da UFC! Viva o teatro, a cultura brasileira e todxs que fazem o teatro acontecer”.
Webinário “Modos de pertencer e agir no seu tempo”
Mais um aniversário foi comemorado de forma remota. Em julho, o curso de Teatro Licenciatura da UFC completou 10 anos e, para celebrar, realizou o webinário “Modos de pertencer e agir no seu tempo”. O evento foi pensado como uma rede afetiva e reflexiva que colocou em interação ex-alunos, professores, estudantes e a comunidade para dialogarem sobre o legado do curso e as questões atuais. A programação aconteceu entre os dias 20 de julho e 21 de agosto e contou com rodas de conversa, através de lives no canal oficial do curso no YouTube. A roda inaugural contou com a participação da professora Ileana Diéguez Caballero, da UAM (México).
Como espaço que deu origem ao curso de Teatro-Licenciatura da UFC, o Tupa não podia ficar fora dessa comemoração! A equipe de servidores e bolsistas do Tupa se engajou ativamente na produção do webinário, além de acolher o Sarau vozes em performance, todas as sextas-feiras no perfil de Instagram. Cerca de 31 artistas, entre alunos e convidados, se apresentaram. As lives estão disponíveis no IGTV do @tupaufc e, somadas, contam com cerca de 180 visualizações.
Todas as sextas, pelo canal no YouTube do curso de Teatro-Licenciatura da UFC, aconteciam desmontagens de encenações do curso de Teatro. A aluna do curso de Licenciatura em Teatro da UFC e bolsista do Palco de Giz, Letícia Cacau, relata como foi a experiência de integrar a equipe de produção. “A experiência de participar do Webinário foi muito rica pra mim enquanto estudante e profissional no campo das artes, pude aprender mais sobre produção, como organizar um evento, trabalhar em equipe, além de poder participar da criação de um espaço de partilha e de conhecimentos em um momento tão delicado quanto o ápice do distanciamento social”. Um dos benefícios de eventos online é a possibilidade de romper as barreiras físicas, podendo ter participantes e palestrantes de lugares diferentes do país. “Ter a oportunidade de conhecer artistas e pesquisadores de fora devido ao formato online […] foi muito engrandecedor”, conclui Cacau.
Às sextas-feiras acontecia o concurso Divas Vorazes – Batalha de LipSync, no Instagram @teatro.ufc. O Divas foi o primeiro concurso online de lip sync/dublagem do Curso de Teatro-Licenciatura da UFC e foi apresentado por meio de vídeos no IGTV. Os alunos deram um show de talento, e a grande vencedora da batalha foi a artista Tupini.
Novas linhas editoriais
O Instagram se tornou um dos principais meios de interação durante o isolamento social. Buscando adequar-se à essa realidade, a equipe de bolsistas do Palco de Giz e do Tupa iniciou uma nova linha editorial em seu perfil oficial (@tupaufc). A proposta era torná-lo mais interativo, organizado por quadros alimentados semanalmente.
Nas segundas-feiras, o “Tupa Indica” trouxe indicações de filmes, álbuns de música, peças, livros, lives, cursos, todos ligados a arte, teatro e educação. Nas quintas-feiras, o quadro “Quem É” apresentou personalidades da cena teatral fortalezense e brasileira, contando um pouco da sua trajetória. Entre os artistas que foram apresentados estão Ghil Brandão, Ilclemar Nunes e B. de Paiva. As sextas foram exclusivas para a divulgação dos coletivos cênicos da cidade e do Instituto de Cultura e Arte da UFC, no quadro “Radar Teatral“.
Além dos quadros semanais, tivemos o “Tupa em um Minuto” quinzenalmente, nas terças-feiras. Esse quadro lançou vídeos de um minuto, nos quais ocupantes do Teatro Universitário (aluno, artista, docente) foram convidados a fazer um depoimento falando de sua experiência no teatro.
O Teatro Universitário termina 2020 com 1.467 seguidores. Somadas, as publicações das linhas editoriais contam com 15.043 alcance, 2.115 curtidas e 178 comentários. Foram 6 vídeos e 36 posts das linhas editoriais publicados entre junho e outubro.
Que em 2021 a esperança de dias melhores seja revivida no coração de cada pessoa. Desejamos um novo ano com muita saúde, alegria, paz e prosperidade e que possamos nos encontrar presencialmente. O Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno espera que em breve possa abrir suas portas e receber a todos com muito carinho. Evoé!