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Universidade Federal do Ceará
Tupa – Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno

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Paschoal Carlos Magno: o revolucionário do teatro brasileiro

Data de publicação: 24 de maio de 2020. Categoria: Notícias, Quem é, Sem categoria

Paschoal Carlos Magno foi um dos principais nomes do teatro brasileiro. Filho de imigrantes italianos, nasceu em 13 de janeiro de 1906, na cidade do Rio de Janeiro. Paschoal foi ator, teatrólogo, poeta e diplomata. Faleceu em 23 de maio de 1980. 

Entre os diversos títulos recebidos, está o de “embaixador da cultura”, dado pelo cordelista cearense Gonçalo Ferreira da Silva, e o de “revolucionário do teatro brasileiro”, devido a suas ações de vanguarda no cenário teatral do país.   

Iniciativas que revolucionaram o teatro brasileiro 

Em 1938, Paschoal fundou o Teatro do Estudante do Brasil, que se dedicava a encenar espetáculos de grandes autores, fossem eles nacionais ou internacionais. Entre os objetivos do TEB estavam a formação de novos atores e de público e a preocupação em deixar para trás a “geração Trianon”, que se referia à atores que dominavam os palcos cariocas no início do século XX, particularmente o Teatro Trianon, com suas montagens erguidas exclusivamente na prática, no carisma e sem nenhum conhecimento sobre modernidade cênica. 

Após uma turnê pelo norte do Brasil com o Teatro do Estudante, o teatrólogo transformou seu porão em um espaço de apresentações que tinha capacidade para cerca de cem pessoas. Surgia então o Teatro Duse, espaço considerado o primeiro teatro-laboratório do país, que recebia espetáculos de estudantes e de atores amadores. No local, apresentaram-se 21 peças inéditas de autores brasileiros, como “Lampião” de Rachel de Queiroz

A cada ano, o Duse ofertava um curso de longa duração que buscava ensinar aos alunos a história do teatro, a  prosódia, a caracterização e a mímica. Também eram oferecidos cursos de curta duração sobre dramaturgia, estética, psicologia, história, filosofia, cultura humanística. Havia também palestras e debates com a presença de teóricos, críticos literários e teatrais, atores e diretores profissionais. 

A partir de 1930, todos os movimentos artístico-culturais brasileiros que envolvessem estudantes eram considerados frutos, direto ou indiretamente, de Paschoal. Além de teatros, ele também fundou cinemas, bibliotecas e incentivou diversos grupos de dança, música e artes cênicas, como o Teatro Experimental do Negro (fundado por Abdias do Nascimento) e o Conjunto Coreográfico Brasileiro. Entre os atores e diretores lançados por ele estão Fernanda Montenegro, Antônio Abujamra e Sérgio Cardoso

Sérgio Cardoso, Paschoal Carlos Magno e Procópio Ferreira

O Teatro de Estudante e o Teatro Duse foram marcos importantes para fomentar uma educação teatral no Brasil. Neles, eram valorizados o estudo e a técnica do ator, ao invés da improvisação e do talento nato. Em 1958, Paschoal Carlos Magno recebeu da União Nacional dos Estudantes o título de “estudante perpétuo do Brasil”. 

Caravanas e barcas culturais

Em 1964, o embaixador da cultura realizava a primeira “Caravana cultural”. Reuniu 256 jovens em oito ônibus, seis automóveis e dois caminhões com toneladas de livros e discos e saíram pelo Brasil, apresentando-se de norte a sul, em praças, igrejas, asilos, escolas. Na década de 70, ele promoveu algo similar, mas desta vez de barco, a chamada “Barca cultural”. Com cerca de 200 artistas, visitou 57 cidades navegando pelo Rio São Francisco. Essas duas ações empreendidas por Paschoal foram muito importantes para promover uma descentralização e uma regionalização do acesso a bens culturais e produções artísticas.

Esse movimento ia contra o regime proposto pelo governo na época, marcado pela Ditadura Militar – a trupe chegou a ser apontada como comunista. Paschoal disse que houve quatrocentos grupos de Teatros de Estudantes no Brasil, e a ditadura matou um a um. 

Paschoal no Ceará

Em 1952, Paschoal Carlos Magno influenciou a criação de dois grupos cearenses: o Teatro Escola do Ceará, de Nadir Sabóia e Maristher Gentil, e o Teatro Experimental de Arte, de B. de Paiva, Haroldo Serra, Hugo Bianchi e Marcus Miranda. 

Em uma de suas visitas ao Estado, o teatrólogo foi convidado pelo ator e dramaturgo Ricardo Guilherme para visitar o Museu Cearense de Teatro, que funcionava no foyer do Theatro José de Alencar. Nascia assim uma amizade que duraria até a morte do embaixador da cultura. Após o falecimento, Ricardo doou para a Universidade Federal do Ceará um busto de bronze do teatrólogo, que ganhou do próprio Paschoal.

Por que Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno?

Por iniciativa de B. de Paiva, o Teatro Universitário surge em 1965, após a UFC adquirir o prédio que pertencia ao antigo Ginásio Santa Maria. O projeto é dos arquitetos Neudson Braga e Liberal de Castro, trabalho cenográfico de J. Figueiredo e Helder Ramos, orientação de iluminotécnica de Lamartine e Alico e decoração (máscaras) de J. Figueiredo e Breno Felício.

Inaugura-se o Teatro Universitário em 26 de junho de 1965. O primeiro espetáculo recebido pelo palco do TU, foi a montagem de “O Demônio Familiar”, de José de Alencar, sob direção de B. de Paiva. Diversas encenações oriundas do Curso de Arte Dramática e de grupos locais, nacionais e estrangeiros passaram pelo palco do Teatro da UFC (que também era conhecido por Teatro de Bolso na década de 60, por ter o espaço e o público reduzido em comparação à teatros maiores).

Apenas em 1980 o Teatro da UFC passa a ser chamado de Teatro Universitário Paschoal Carlos Magno, homenagem póstuma merecidíssima àquele que foi um dos maiores defensores do teatro como instrumento de educação, e que tanto incentivou o teatro de estudantes. Em 2019 o Teatro ganha uma nova logo e um novo apelido, o Tupa, que põe em ênfase o nome de Paschoal.

A partir da apresentação da aula-espetáculo “No Ato”, de Ricardo Guilherme, no palco do Tupa, em 18 de fevereiro de 2010, foram iniciadas às atividades do curso de Licenciatura em Teatro do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará.

Matéria escrita por Vitória Rodrigues, bolsista de Comunicação

 

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